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Autora do livro “A Vida sem Crachá” mostra como se reinventar após uma demissão inesperada

Publicado em 23/04/2019

Categoria: Sua Vida | Tags: Livro, refletir, Transformação

Autora do livro “A Vida sem Crachá” mostra como se reinventar após uma demissão inesperada

Realização profissional é um dos fatores mais importantes quando se diz respeito ao conceito de felicidade e satisfação adotado pela maioria das pessoas. Quem nunca se apresentou como “sou a fulana, da empresa tal”? E o cenário dos sonhos é quando você tem um emprego que gosta, se diverte e ainda por cima recebe por isso. Certo? Mas, e quando tudo vai bem e, de repente, você se depara com uma demissão?

A jornalista Claudia Giudice, autora do livro “A Vida sem Crachá”, foi do céu, com um emprego que adorava, ao inferno quando se viu sem o crachá que a identificava. Depois de 23 anos como executiva em uma grande editora, teve que literalmente aprender a se encontrar sem um crachá.

Até começar a gerir a sua pousada, na Bahia, ela precisou se redescobrir como pessoa e como profissional. Confira um pouco dessa história nas respostas a seguir.

1 – Como era a sua relação com o trabalho?

Eu venho de uma geração de mulheres que foi criada para ver o trabalho como única maneira de conquistar independência. Era como se fosse uma porta por direitos. Minha mãe nunca trabalhou, mas sempre me incentivou. O trabalho era uma maneira de libertação de um modelo de vida e de comportamento que, para as mulheres, já vem pronto.

Para mim, nunca foi uma condição de sustento, visto que venho de uma família de classe média alta. Tinha tudo para cair no perigo do “não preciso de emprego”, mas por essa necessidade de libertação e independência era uma questão crucial para mim. Também tive bastante sorte, pois sempre trabalhei com coisas que gostei muito.

Meu primeiro emprego foi como bibliotecária; dali para o jornalismo foi um caminho natural e extremamente prazeroso. Como sempre fiz o que gostava, a minha vida pessoal também andou junta com a profissional, mas não misturada. Eu tive clareza sobre essa distinção. Por exemplo, meus amigos eram do trabalho, minhas relações, minhas conquistas sempre estiveram atreladas ao trabalho ou ao que o trabalho me proporcionava. Viajava bastante, mas era a trabalho. Conheci muita coisa e muitas pessoas pelo trabalho. Meu filho praticamente nasceu na empresa (risos). Eu sempre trabalhei bastante e houve momentos em que eu achava que estava exagerando. Enquanto estava envolvida com o trabalho, não tinha um olhar crítico para avaliar se a relação era ou não desequilibrada.

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2 – Como foi se ver sem crachá?

Foi um momento de dor. Analisando agora, depois que a turbulência passou, foram diversas fases de aprendizado. Eu confesso que perder o emprego propriamente foi a parte mais fácil de assimilar. O mais difícil foi me ver sem essa identidade empresarial, independente do emprego em si.

Passei pelo luto, afinal, a vida que eu conhecia havia “morrido”. Depois uma crise de identidade, me vi sem saber quem eu era nesse ambiente, meu “sobrenome empresa” já não me pertencia mais após a demissão. Para você ter uma ideia, eu tive dificuldades até para me apresentar em alguns lugares. Eu sempre fui a Claudia Giudice, de algum lugar. De repente não era mais. Entrei em um limbo por um período, olhando para trás e pensando: “E agora?”. Bateu um certo desespero.

Eu nunca me senti vítima, nunca me senti injustiçada nem nada disso. Eu me vi sem chão por um período. Foi algo muito impactante. Mas não que eu pensasse ser eterna ou algo do tipo. Em algum lugar, eu sabia que isso eventualmente poderia acontecer comigo. Acontece com todo mundo, né?

Salvo as devidas proporções, situações assim são como morte mesmo. Você sabe que todos estão sujeitos, inclusive você, mas ninguém nunca está 100% pronto para uma demissão.  Há muito tempo eu já tinha começado a pensar em um plano B. Mas na minha cabeça esse “plano B” eu colocaria em prática quando estivesse mais velha, por vontade própria, uma decisão mais pensada. Não foi bem assim. Tive que remanejar meus planejamentos e me reinventar.

3 – E a retomada?

Não tenho intenção de ser piegas nem nada, mas foi um momento mágico para mim. Hoje eu vejo que foi um processo muito bem-sucedido, de muito aprendizado e reflexões – que talvez eu nunca parasse para fazer se isso não tivesse acontecido. Com o distanciamento, veio a chance de um olhar crítico sobre o modo de vida que eu tinha e como me relacionava com o trabalho. Como disse, eu já tinha um plano B, mas que ainda demoraria a ser posto em prática.

Descobri que o que eu pretendia com o trabalho já havia sido alcançado. A independência já havia chegado, eu só não enxergava isso. Era o meu momento pessoal. Eu tive que reaprender muita coisa. Por exemplo, houve momentos em que eu me sentia envergonhada por ter tempo de ir ao shopping no meio da tarde. Eu me preocupava demais em ficar me justificando para as pessoas. Não tinha o que justificar. Eu estava em outro momento, só isso.

Eu gosto sempre de citar a música “Aqui e Agora” do Gilberto Gil; recorri muito a ela, foi minha trilha sonora da redescoberta após a demissão. A gestão da pousada que antes era meu plano B, passou a ser o A. Aprendi a viver de outro jeito, a fazer novas escolhas. A olhar para mim e repensar atitudes, projetos, gostos, enfim, repensar quem eu era, qual era a minha essência. Eu sempre gostei demais de escrever e aproveitei esse momento para trabalhar em meu blog, sobre essa nova realidade sem crachá, além do livro também. Coloquei antigas paixões em prática.

4 – E hoje, como se relaciona com o trabalho?

Um dia workaholic, sempre workaholic. Eu costumo brincar com isso. Mas hoje, eu tenho noção dessa minha condição e fico atenta para equilibrar tudo. Meu foco é manter todas as coisas em seus espaços na minha vida, inclusive o trabalho.

Nesse período de redescobertas, eu acabei encontrando outras atividades e treinando a arte de dizer não. Ela é essencial. Me esforço para não perder o controle do meu tempo, então, julgo que a minha relação hoje é mais saudável e consciente do que antes. Eu estou feliz. Muita gente julga as minhas escolhas, discorda, estranha, mas acho que isso faz parte. Já me perguntaram também se a mudança veio tarde para mim, afinal estava com 49 anos quando meu mundo foi abalado. Eu sinceramente acho que veio na hora certa. Não acho que exista tempo determinado para a gente repensar, aliás, isso deveria ser um hábito frequente de todos nós. Faz bem repensar.

Hoje, eu sou a Claudia que gere uma linda pousada em Arembepe, na Bahia (pousada A Capela), me ocupo com o blog “A vida sem crachá”, escrevi um livro sobre o mesmo tema, dou palestras, tenho uma loja de arte popular, sou mãe, me divirto, tenho tempo para o lazer, enfim, tenho várias identidades e todas elas me satisfazem.

5- E como você vê a relação que os novos profissionais estão desenvolvendo com o trabalho hoje?

Ah, estamos em processo de mudança, né? Hoje, não faz mais sentido os jovens terem a mesma relação com a carteira de trabalho que eu tinha antes. O emprego formal está sendo constantemente repensado. Isso posto, muda tudo! O trabalho é questionado. Dele é exigido mais do que compensação financeira, tem que ter um propósito por trás.

Não vejo muito apego hoje, como na minha época, quando constantes mudanças de emprego eram mal vistas. Acho que os jovens, hoje, têm muito mais consciência acerca de tudo, e isso é muito bom. Vejo com bons olhos essa revolução feminina sendo liderada por meninas cada vez mais novas e mais conscientes sobre seu papel e direito na sociedade.

A empresas estão se readequando, aprendendo a lidar com essa turma. Mulher e trabalho sempre foi uma relação que eu comparo com boleia de caminhão. A gente está sempre de mudança e se segurando pra não cair. Mas, hoje, acho que estamos mais fortes. Mulheres mais presentes, homens mais conscientes, empresas mais abertas e flexíveis, enfim, são mudanças muito benéficas para todos.

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