Leyla Nascimento, presidente da WFPMA, é uma autoridade quando o assunto é RH. Sua vasta experiência na área, levaram-na a analisar e questionar como o Brasil poderia melhorar suas práticas em Gestão de Pessoas.
“Aprendi muita coisa com as minhas gestões no Brasil (ABRH), na América Latina (FIDAGH) e agora mundial (WFPMA). Nós, brasileiros, precisamos olhar um pouco mais para nossos irmãos latino-americanos, que também têm muito a nos ensinar. A gente fica só olhando para cima (América do Norte e Europa) e não vê que o Sul é muito rico em boas práticas.”, ressalta a executiva.
Leyla destaca fatores estruturais que nos aproximam de nossos vizinhos como, muitos países da América Latina estarem passando ou passaram por momentos políticos e econômicos semelhantes ao que estamos vivendo. São governos em transição ou não tão bem recebidos pela população.
O impacto do cenário político
“O cenário político tem muita influência no econômico e isso impacta as empresas, seu dia a dia e suas projeções. Por exemplo, o Chile. Apesar de ser estrutural e educacionalmente mais avançado, os profissionais de recursos humanos chilenos lidam diariamente com duras pressões sindicais. Os sindicatos lá são muito fortes e atuantes nas empresas e fazem que com os funcionários sejam muito antenados às legislações sindicais”.
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Os desafios Equatorianos
“Já no Equador, vemos um cenário em que há um presidente muito linha dura, que a todo momento cria leis novas e pressiona as empresas. No ano passado, ele limitou um teto para pagamento de executivos e isso mexeu com toda a estrutura financeira das companhias de lá. Diante disso, o RH equatoriano passou, e ainda passa, pelo desafio de reter esses profissionais nas organizações”.
Exemplo de um país no limite
“Na Venezuela, as empresas estão sempre com a legislação trabalhista em mãos, pois, a todo momento, o presidente determina regras para taxar as organizações. Não há previsão ou constância nas tributações. Imagine como isso é para os RHs de lá! Sem falar que esses profissionais ainda se preocupam com o básico, coma sobrevivência dos colaboradores por causa do racionamento de alimentos”.
Um país pautado em reconstrução
“Por outro lado, temos a Colômbia, que, com todas as crises que enfrentou e com a questão do narcotráfico, pautou seu desenvolvimento na reconstrução. Ela não parou de crescer e investir em educação, saúde e bem-estar das pessoas. Os RHs de lá não fazem nada sem uma pesquisa antes. Isso é maravilhoso”.
Segundo Leyla, estudar o que acontece nesses países pode ser um norte para lidar como nossos próprios problemas: “Esses são apenas uns exemplos da razão pela qual deveríamos nos permitir aprender mais com nossos “hermanos”. Esses cenários político e econômico conturbados impõem às empresas dois grandes desafios: manterem-se no mercado e reterem seus melhores talentos”, conclui.